Jornada de trabalho das mulheres no Brasil: desafios e perspectivas

A tripla jornada de trabalho é um fenômeno que afeta muitas mulheres no Brasil, que acumulam as funções de cuidadoras de filhos, responsáveis pelos pais idosos e trabalhadoras também fora de casa, desta vez de forma remunerada. Essa realidade se torna cada vez mais evidente em um país onde os lares chefiados por mulheres têm se tornado uma norma. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49,1% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres, refletindo uma mudança significativa nos papéis de gênero e na dinâmica familiar.

Essas mulheres enfrentam desafios imensos, pois a responsabilidade pelos cuidados familiares muitas vezes recai exclusivamente sobre elas. O cuidado dos filhos, que exige atenção constante e dedicação, é intensificado pela necessidade de apoiar pais idosos que podem necessitar de assistência médica e emocional. Assim, ao retornarem do trabalho, elas não têm realmente um momento de descanso, mas sim uma transição para mais uma forma de trabalho.

Estudos têm mostrado que essa sobrecarga pode afetar a saúde mental e física das mulheres. O estresse e a pressão de equilibrar as responsabilidades da casa e do escritório podem resultar em problemas de saúde, como ansiedade e depressão. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse estresse crônico tem aumentado entre as mulheres nessa situação, o que destaca a urgência de um olhar mais atento à saúde mental delas. Uma pesquisa mostrou que, no Brasil, 67% dos trabalhadores são influenciados negativamente no trabalho pelo estresse. O dado faz parte do relatório People at Work 2023: A Global Workforce View, do ADP Research Institute. O número está acima da média global, que ficou em 65%. As mulheres são as mais afetadas.

Mais do que uma questão individual, a tripla jornada de trabalho reflete desigualdades estruturais na sociedade. O mercado de trabalho brasileiro ainda é marcado por uma cultura que não valoriza adequadamente o trabalho de cuidado, muitas vezes visto como uma responsabilidade inerente das mulheres. 

Isso se traduz em desigualdade salarial, com mulheres tendo, em média, salários muito inferiores aos homens, mesmo nas mesmas funções. Segundo dados do IBGE, as mulheres ganham, em média, 77% do que os homens recebem, o que resulta em um ciclo de pobreza e limitação de oportunidades.

O trabalho doméstico não remunerado realizado pelas mulheres aumentaria em 13% o PIB do país, segundo a Agência Brasil – EBC. Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o FGV IBRE, divulgado em outubro de 2023, revela também que as mulheres brasileiras dedicam até 25 horas por semana a essas atividades, enquanto os homens dedicam cerca de 11 horas.

Jornada de Trabalho das mulheres no Brasil: Perspectivas

Voltando nossos olhos para o futuro, as perspectivas para 2025 poderiam ser melhores, mas ainda assim abrem espaço para esperança. Com o aumento da conscientização sobre a desigualdade de gênero e o papel das mulheres na sociedade, há uma pressão crescente para que políticas públicas e iniciativas privadas promovam melhores condições de trabalho. Espera-se que haja um avanço nas políticas de licença parental, que poderiam equilibrar as responsabilidades de cuidado entre homens e mulheres, permitindo que as mulheres não sejam as únicas responsáveis por essa carga.

Além disso, iniciativas que incentivam a inclusão de cuidados de idosos em políticas de saúde e assistência social podem aliviar a pressão sobre as mulheres. A promoção de creches e suporte para o cuidado infantil são essenciais para permitir que as mulheres trabalhem sem a preocupação constante com a segurança e o bem-estar de seus filhos. 

A tripla jornada de trabalho das mulheres representa um desafio significativo que deve ser abordado coletivamente, tanto pelo poder público quanto da porta para dentro das casas. A transformação das condições de vida da mulher em idade produtiva é essencial não apenas para seu bem-estar, mas para o desenvolvimento equitativo de toda a sociedade. 

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