“Não seja um segredo bem-guardado”. Eu uso muito essa frase para clientes que se sentem inseguras ou tímidas ao falarem do próprio trabalho. Esse é um lugar que eu conheço bem: por anos, comunicava o trabalho alheio, e na hora de falar do meu, empacava.
Hoje, vivo esse momento em que decidi falar do que faço com a força que isso tem como entrega mas também com a importância que tem para mim. Posso dizer que perdi tempo demais preocupada com o que as pessoas achariam. Engraçado como nós, mulheres, temos esse péssimo hábito de não falar bem de nós mesmas. Não comentarmos nossas conquistas, nem assumimos os bons resultados de um ofício que é fruto de muito estudo e dedicação. Os elogios constrangem, ou surpreendem.
O QUE A IDADE TEM A VER COM ISSO?
Acredito que isso se deve a uma somatória de fatores. Entre os mais comuns, estão criação familiar, crenças pessoais aprendidas através das convenções sociais, religião, medo do julgamento alheio, e o que hoje se chama de etarismo.
Segundo Mirian Goldenberg, antropóloga e pesquisadora do tema “envelhecimento e felicidade”, etarismo é a discriminação e o preconceito – podendo resultar em violência verbal, física ou psicológica – relacionado com a idade de uma pessoa. Aqui entram preconceitos relacionados à relacionamentos, trabalho, estilo de vida, religiosidade, sexualidade e individualidade, muito mais presentes no universo feminino do que no masculino.
Nas profissões criativas (como a minha, por exemplo), isso significa que se você não nasceu depois dos anos 2000, a Internet não é para você. Escuto da maioria absoluta das minhas clientes que já passaram dos 30 anos que não querem parecer ridículas, e por isso não se mostram no digital. OK, mas como faz se todos os negócios estão presentes no digital? Vai deixar de mostrar seu trabalho, seus valores, atrair clientes que se identificam com o que você faz, só porquê não é mais uma adolescente?
ficar fora da internet não é uma opção comercialmente viável
As consequências desse tipo de preconceito são cruéis para nós, e podem impactar o orçamento de mulheres incrivelmente competentes. Mesmo com muita experiência a oferecer, temem o rótulo de “inadequada” e se anulam por isso – ou enfrentam muita dificuldade até se soltarem.
Quero dizer com o post de hoje que não precisa ser assim: comunicar seu trabalho deve ser uma tarefa baseada em quem você é e dentro de quais limites pretende operar.
Seu ritmo, suas preferências e aquilo que você considera fundamental na sua rotina profissional, bem como sua estratégia comercial e seus objetivos financeiros, definem sua estratégia de comunicação. O que muda entre uma comunicação madura e assertiva versus as malditas “fórmulas” é a velocidade e a intensidade como as coisas acontecem. Além disso, trabalha-se com transparência quanto aos resultados esperados, e sobre até onde a comunicação interfere no resultado final de sua empresa.
O ano no Brasil só começa após o Carnaval. Em 10 dias, então, entraremos finalmente no 2023 oficial. Como você quer levar seu trabalho e sua carreira neste “ano novo”?
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